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domingo, 21 de outubro de 2018

Controle do fogo

Sarnico Busker Festival

O controle do fogo foi um marco na cultura humana antes do Homo sapiens moderno. Nesta época, as pessoas obtinham fogo de fontes naturais, só mais tarde criando uma variedade de métodos artificiais para gerá-lo. A habilidade de criar, controlar e usar o fogo permanece essencial à civilização humana. A primeira exposição destes humanos antigos ao fogo provavelmente veio de queimadas em florestas causadas por raios ou trovões. Apesar de destrutivo e potencialmente letal, o fogo permitiu um acesso rápido às ferramentas, embora não fosse uma força que pudesse ainda ser controlada, muito menos criada quando desejada. Há evidências de que cerca de 1,6 milhões de anos atrás grupos de Homo erectus já tinham algum controle sobre o manuseio do fogo e entre 400000 e 25000 a.C. há indícios claros de que o Homo erectus podia controlar e provavelmente até criar fogo. Por volta de 125000 a.C., logo após o surgimento do Homo sapiens moderno, o uso, o controle e criação do fogo por humanos eram amplamente difundidos. O domínio humano do fogo teve impacto imediato e profundo em nossa evolução. O fogo concedeu aos humanos proteção contra animais selvagens, permitiu-lhes extinguir a escuridão, forneceu aquecimento para se protegerem do frio, introduziu a possibilidade de cozinhar a comida e serviu como um repelente eficaz contra insetos e pestes. O fogo é tão útil na preparação de comida que o homem foi o único animal que pôde prosperar nutricionalmente devido ao fato de poder comer alimentos cozidos, e não apenas crus. A importancia do fogo na cultura é tão macante que a própria palavra se tornou uma metáfora ubíqua para descrever ideias como amor romântico, conflito, destruição e desejo intenso. 


Photo Burning Man Festival 

Os chineses utilizam uma tabuleta de jade vemelho, chamada Chang, que se utiliza nos rituais solares e simboliza  elemento fogo. Em relação com este sentido solar da chama, aparece o fogo, nos hieróglifos egípcios, como associado à ideia de vida e saúde, calor do corpo. Também, e isto já indica uma transposição do símbolo para uma energética espiritual, para a ideia de superioridade e comando. Os alquimistas conservavam em especial o sentido dado por Heraclito, ao fogo, como agente de transformação, pois todas as coisas nascem do fogo e a ele voltam. É o germe que se reproduz nas vidas sucessivas, associação à líbido e a fecundidade. Neste sentido de mediador entre formas e desaparecimento e formas em criação, o fogo é assimilado à àgua, e é também um símbolo de transformação e regeneração. Para a maior parte dos povos primitivos,  o fogo é um demiurgo e provém do sol. É a sua representação sobre a terra, por isso, relaciona-se, por um lado, com o raio e o relâmpago. Por outro, com o ouro. Há muitos rituais em que as tochas, fogueiras, brasas e até cinzas se consideram com virtude para provacar o crescimento das colheitas e o bem-estar de homens e animais. No entanto, as investigações antropológicas deram duas explicações dos festivais ígnicos, perpetuados nas fogueiras de São João, nos fogos de artifício, na árvore de Natal iluminada, magia imitativa destinada a assegurar a abundância de luz e calor no sol ou finalidade purificatória e destruição das forças do mal, mas as duas hipóteses não são contrárias mas sim complementares. O fogo é a imagem arquétipo do fenomênico em si. Atravessar o fogo é símbolo de transceder a condição humana, segundo Eliade em Mitos, sonhos e mistérios (Buenos Aires, 1961). 

Dicionário dos símbolos Juan Eduardo Cirlot p. 171.  
1001 ideias que mudaram nossa forma de pensar p.22.

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