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terça-feira, 16 de outubro de 2018

O homem que não fazia perguntas

Jewish holocaust (concentration camps) on emazeJewish holocaust concentration camps

Arendt usou as palavras a banalidade do mal para descrever o que viu em Eichmann. Se algo é banal, é comum, entediante e sem originalidade. Segundo ela, o mal de Eichmann era banal no sentido de ser o mal de um burocrata, de um gerente, e não uma pessoa má. Ele era o exemplo de um tipo de homem comum que permitiu que as visões nazistas afetassem tudo que o fazia. A filosofia de Arendt foi inspirada pelos eventos que aconteciam à sua volta. Ela não foi o tipo de filósofa que passou a vida pensando sobre ideias puramente abastrratas, ou debatendo incessantemente sobre o significado preciso de uma palavra. Sua filosofia esta ligada à história recente e à própria experiência. O que escreveu em seu livro Eichmann em Jerusalém foi baseado em suas observações de um homem e dos tipos de linguagem e justificativas que ele dava. A partir do que viu, ela desenvolveu explicações mais gerais sobre o mal em um Estado totalitário e seus efeitos sobre aqueles que não resistiram a seus padrões de pensamento. 


Hannah Arendt deutsch German Trailer 2013

Eichmann, assim como muitos nazistas daquele período, não conseguia enxergar os fatos pela perspectiva dos outros. Não era corajoso o suficiente para questionar as regras que lhe eram dadas. Apenas buscava a melhor maneira de segui-las. Carecia de imaginação. Arendt descreveu-o como raso, e desmiolado. Embora isso também pudesse ser uma atuação. Fosse ele um monstro, teria sido horripilante. Mas pelo menos os monstros são raros e geralmente muito fáceis de identificar. O que talvez fosse ainda mais horripilante era o fato de ele parecer tão normal. Ele era um homem comum que, por não questionar o que fazia, fez parte de um dos atos  mais malignos conhecido pela humanidade. É pouco provável que se torna-se um homem mau caso não tivesse vivido na Alemanha Nazista. As circunstâncias estavam contra ele. Ele obedecia as ordens imorais. E obedecer as ordens nazistas, na opinião de Arendt, era o mesmo que apoiar a solução final. Ao não questionar o que lhe diziam para fazer e ao aceitar aquelas ordens. Eichmann participou do assassinato em massa, mesmo que, do ponto de vista dele, estivesse apenas criando tabelas de horário para as partidas de trem. Em determinado momento do julgamento, ele chegou a dizer que agia de acordo com a teoria do dever moral de Immanuel Kant, como se tivesse feito a coisa certa por seguir ordens. Ele não conseguiu entender de jeito nenhum que Kant acreditava que tratar os seres humanos com respeito e dignidade era fundamental para a moral. 


Hannah Arendt

O nazista Adolf Eichmann foi um adminstrador esforçado. A partir de 1942, esteve no comando do transporte dos judeus da Europa para os campos de concentração na Polônia, incluindo Auschwitz. Isso fazia parte da solução final de Adolf Hitler. O plano de matar todos os judeus que viviam em terras ocupadas pelas forças alemas. Eichmann não era rsponsável pela política da matança sistemática, não foi ideia dele. Porém, ele estava profundamente envolvido na organização do sistema ferroviário que tornou essa política possível. 

Uma breve história da filosofia p. 224. 

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