Riding with Death 1988 Acrílico e tinta de óleo em barra sobre linho 248,9 x289,6 cm Cortesia Galeria Tony Shafrazi Nova Iorque
Calvalgando com a morte é uma das obras mais fantásticas de Basquiat, e não só devido ao seu timing, com a morte eminente do artista. Aqui ele atinge uma escassez e pureza de técnicas possivelmente maiores do que em qualquer outra obra.
Jean-Michel Basquiat nasceu a 22 de outubro de 1960 em Park Slope, uma confortável zona residencial de Brooklyn. O pai, Gerard, veio do Haiti, a mãe Matilde, nasceu de pais Porto-Riquenhos em Brooklyn. Teve duas irmãs, Lisiane, nascida em 1963, e Jeanine, nascida em 1967. A mãe, que falava inglês e espanhol, ensinou a Baquiat estas línguas e levou-o a visitar os museus da cidade. As influências musicais de Jean-Michel vieram dela e dos pais dela. Em 1981, Baquiat homenageou a sua avó Flora com o quadro intitulado em Espanhol Abuelita, que quer dizer vozinha. Aos sete anos Basquiat foi vítima de um traumático acidente. Foi atropelado por um carro enquanto brincava na rua e foi levado para o hospital. Partiu um braço e sofreu inumeros ferimentos internos, um dos quais obrigou a remoção do baço. Para passar o tempo, a mãe deu-lhe de presente a clpassica obra anatômica Gray's Anatomy. Sem dúvida que os recorrentes temas nas obras de Basquiat de órgãos internos e esqueletos humanos devem muito a este incidente, e à influência do livro de anatomia, que ele estudou apaixonadamente durante a sua estadia no hospital. A carreira escolar de Basquiat não foi muito bem sucedida, nem decorreu de forma aparticularmente calma. Passava a vida a mudar de escola, e no que dizia respeito à arte ele não estava de todo satisfeito com seu trabalho artístico, como referiu numa entrevista com Henry Geldzahler, revista Interview, Janeiro de 1983. Geldzahler - O que é que desenhava quando era criança, as coisas habituais? Basquiat - Em criança era de facto um péssimo artista. Demasiado expressionismo abstracto, ou então desenhava uma cabeça de carneiro muito desalinhada. Nunca ganhei nenhum concurso de pintura. Lembro-me de perder para um rapaz que desenhou um homem-aranha perfeito. Galdzahler - Mas estava satisfeito com o seu próprio trabalho? Basquiat - Não de todo. De facto eu queria ser o melhor artista da classe, mas o meu trabalho tinha realmente um acabamento muito feio. Geldzahler - Era raiva? Existe raiva no seu trabalho? Basquiat - É cerca de 80% raiva.
Sem título SAMO© Anti-Art 1979 Caneta de feltro, lápis e caneta sobre papel 26,5x 20,5 cm
O nascimento de SAMO©, o pseudónimo com que com que Basquiat assinava os seus graffitis no So-Ho, deu-se com a fundação de um jornal da escola na Primavera de 1977. Basquiat disse a Village Voice em 1978 que SAMO© foi criado quando ele e seu amigo da escola, o artista de graffitis Al Diaz, fumavam mariajuana. O projeto SAMO© atacava a espciosidade da sociedade materialista. Basquiat e Diaz usavam a sua religião inventada como um substituto para todos os sistemas de valores que eles sentiam representá-los falsamente, estás ideias e sistemas na verdade conotavam nada mais do que os básicos interesses econômicos. Na essência, a religião SAMO©, era uma contextação contra a forma como a sociedade usava os seus valores e ideiais, um produto artístico concebido para uma sociedade emproada. Ao mesmo tempo, Basquiat não se intimidava e insultava frontalmente aqueles que ele queria contatar através dos seus graffitis. De fato estes são os mesmos indíviduos que mais tarde comprariam as suas obras com dólares do papá que ele tão claramente reprendia. A sua mensagem era dirigida aos yuppies da arte que percorriam as zonas das galerias nos seus descapotáveis, fascinados pelo chique radical do vanguardismo, começaram a explorá-lo, usando a sua suposta causticidade erudita apenas como decoração para o seu tipo de vida. Baquiat queixa-se. - Esta cidade está pejada de emproados pseudos da classe média que tentam parecer como o dinheiro que não têm. Símbolos de status. Dá cabo de mim. É como se passeassm com etiquetas dos preços coladas à cabeça. SAMO© aparecia muitas vezes justamente com um sinal de copyright. Basquiat zangou-se com seu amigo Diaz em 1978, depois de Diaz concluir que a futura estrela estava a vender o movimento graffiti às mesmas instituições que antes insultava. Na realidade, Basquiat já se havia distanciado do movimento graffiti, mesmo quando a sua primeira exposição individual decorreu em Itália com o antigo pseudónimo SAMO©. A sua falta de interesse pela pintura com spray revela a sua admirável percepção dos mecanismos da cena artística. Primeiro seguindo a onda do movimento graffiti, depois distanciando-se dele quando o interesse do público acalmou e quando outras estratégias provaram ser mais eficazes.
Já tinha deixado de pintar edifícios e cartazes, sinal de que tinha começado a pensar seriamente em como conseguir um nome para sí próprio. A forma como o mercado da arte usou a ele e a outros miúdos revela a trágica semelhança que ele partilha com outros artistas de graffitis. Estes miúdos, como Basquiat, passaram da pintura das carruagens do metropolitano para as telas das galerias, de serem bruscamente abandonados mal o interesse por eles morresse. Os trabalhos de Basquiat na exposição New York/New York surpreenderam pela sua altivez e escassses gráfica. Aviões, mostra sete aviões representados de uma forma que fazerm lembrar os desenhos das crianças. Um trabalho típico da época da exposição é Lua Cadillac, uma obra que o ajudou na sua ascensão. Uma vez mais, Basquiat delimita as diferentes áreas da pintura, com linhas a servirem de moldura. A direita há uma fila de ecrãs de televisão, de cima a baixo, cada um mostando o contorno de uma cabeça vista de frente. Algumas das cabeças estão pintadas por cima, enquanto outras zonas estão repentidamene cobertas com a letra A. Do lado esquerdo, duas molduras quadráticas de tamanhos estranho enquadram automóveis. O de cima parece estar a mover-se normalmente, e os círculos por cima tanto podem ser uma referência à lua do título com uma combinação das letras A e O, que são representadas repetidamente nos primeiros desenhos. O carro da moldura de baixo está pendurado por corretes, levantado do chassis. A linha fina e sem enquadramento na parte inferior da printuira mostra a palavra SAMO©, a palavra AARON, a assinatura de Jean-Michel Basquiat e a data 1981. Simbolicamente, as letras SAMO estão riscadas. Embora Basquiat tenha exposto com este nome, a mudança de imagem do pintor de graffits para uma nova identidade como artista. AARON refere-se a um herói de Basquiat, um jogador de basebol afro-americano e rei dos home runs Hank Aaron 1934. Apesar de seu talento, Aaron foi obrigado a iniciar a sua carreira nas Ligas Negras, antes de estas serem completamente integradas na Primeira Divisão em 1950.
Lua Cadillac 1981 Ácrilico e giz sobre tela 163 x 173 cm Coleção Particular Paris
Repetidamente, os trabalhos de Bsquiat incluem nomes representando os seus ídolos reverenciados. Da área despostiva, representava principalmente jogadores de basebol e pugilistas. Um desenho de 1982 tem os nomes de Muhammed Ali, Joe Frazier, Sugar Ray Robinsson e Joe Louis. A seguir à última exposição do seu trabalho de uma vida, realizada na galeria de Vreij Baghoomian em Abril de 1988, Basquiat foi para Maui em Junho. Falou à sua última namorada, Kelle Inman, da sua intenção de desistir de pintar para começar a escrever. Disse a outros amigos que só queria fazer música, ou abrir uma destilaria de tequila. Novamente em Nova Iorque, Basquiat conheceu Vincent Gallo e disse-lhe que queria deixar Nova Iorque e ir para África. Os bilhetes para o voo para Abdian a 18 de Agosto, já tinham sido pagos, quando, seis dias antes da partida, ele morreu com uma overdose de um coktail de drogas.
Basquiat Leonhard Emmerling Editora Paisagem.
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