Lighting Designer Lighting Director
Com a evolução técnica e a importância da luz como meio de expressão no espetáculo, aumentou também o interesse pelo seu conhecimento na teoria e na prática. Até a década de 1970, eram poucos os que se interessavam pelo conhecimento mais aprofundado da iluminação cênica, não obstante alguns livros específicos que haviam sido publicados em língua inglesa. Nos programas dos cursos superiores, encontros e festivais de teatro, a ênfase recaía quase sempre sobre o trabalho do ator, abordando questões de interpretações, expressão corporal, exercícios vocais e aspectos teóricos de semiologia e terias teatrais. O programa voltado para as questões técnicas, de sonoplastia e iluminação, eram mais raros e atraíam um número muito pequeno de interessados. A partir da década de 1980, o estudo da iluminação cênica passou a despertar mais interesse. Atores, bailarinos, diretores e coreógrafos começaram a investigar mais profundamente a luz, como algo diretamente vinculado aos seus processos de criação. Em pouco tempo, começaram a proliferar os cursos e oficinas com o objetivo de demonstrar os equipamentos, os diversos tipos de refletores e lâmpadas, as possibilidades de criação e os primeiros passos na construção de um design. Por essa época, aliás, o termo design já aparece de forma generalizada nas publicações em língua inglesa. O design não é a cena propriamente dita, mas algo que se cria a partir dela, inclusive com a possibilidade de modifica-la. A cor, por exemplo, é um dos modificadores. Influencia a percepção de forma, a habilidade de distinguir detalhes, além de interferir na maquiagem, no cenário e no figurino. Outras sugestões de design também alteram a impressão da cena, o uso da fumaça interfere no modo de transmissão da luz, produzindo efeitos atmosféricos que alteram as relações dos corpos no espaço.
American Ballet Theatre Irina Dvorovenko
O que todos os livros costumam dizer, em acordo com os físicos, é que a relação entre luz e cena implica a interação física entre luz e matéria. Há diferenças entre prever o efeito da luz sobre a cena, por meio de simulações, e o resultado concreto da luz no palco, quando radiações eletromagnéticas passam a interagir com o eletromagnetismo dos corpos. A experiência não se resume apenas no envio da luz, mas na resposta dos corpos, sobretudo em termos de reflexo, absorção e refração. A iluminação elétrica chegou aos palcos acompanhada de uma mudança historicamente importante, o obscurecimento da plateia. Em 1876, Richard Wagner apaga as luzes da plateia durante a representação de suas óperas, em Bayreuth, rompendo uma tradição que vinha desde a Renascença. Em pouco tempo, outros teatros fariam o mesmo. A sala no escuro traz um envolvimento maior do espectador com a cena, reforçando a ideia de ilusão. A ribalta abre uma fronteira entre o drama e espectador, reforçando a ação restritiva do quadro cênico e contribuindo para o seu afastamento. Por outro lado o escurecimento da plateia contraria o hábito do público de ir ao teatro para se mostrar. Neste momento, o teatro deixa de ser o imenso salão da sociedade burguesa. Durante muitos séculos o teatro foi realizado à luz do sol.
Ancient Greek Theatre
Função Estética da Luz Roberto Gill Camargo.
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